Qualis/CAPES  B4 (2017-2020) Google Scholar   Citations: 937   |   h‑index: 13   |   i10‑index: 25   |   h5‑index: 60   |   h5‑median: 8.5 Impact Factor  SJIF: 3.138 (2021)
Movimento Ciência Aberta

A iniciativa Open Science ou Ciência Aberta se trata, de uma maneira geral, de uma prática com a finalidade de facilitar o acesso a dados e informações científicas a fim de que mesmo os que não estão inseridos neste nicho da sociedade tenham a seu alcance informações, que até então, não seriam passíveis de conhecimento popular.

Trata-se de um movimento internacional, mas a organização das bases de dados não é uma unanimidade. Na Europa, por exemplo, 40% dos países que a compõe possuem base de dados nacionais que abrangem diversas áreas da ciência e o Google Scholar corresponde a uma importante fonte de conhecimento científico, já que possui cerca de 88% de resultados combinados de plataformas de dados desta natureza, deixando uma grande distância do próximo colocado o Microsoft Academic, que possui 60% desse tipo de conteúdo.

Na América Latina podemos citar como fontes de informações científicas as plataformas SciElO, Redalyc e Redib. É correto inclusive dizer que, além de serem amplamente utilizadas nas comunidades acadêmica e científica como fonte de estudos também atuam como uma maneira de avaliação de credibilidade e seriedade do periódico.

No Brasil, Universidades envolvidas em pesquisas nos mais diversos segmentos do conhecimento já se posicionaram publicamente a favor desse movimento. A Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, disponibiliza as informações obtidas através de seus estudos em um repositório de dados que proporciona a docentes e pesquisadores mais eficiência na organização das informações obtidas e a população em geral pode realizar o acesso, basta efetuar a busca que pode ser filtrada de acordo com o autor, assunto e ano. O lançamento desse repositório se deu após o Open Science ter ganhado força ao redor do mundo.

É preciso mencionar que esta resolução tem como principal beneficiada a própria ciência, uma vez que possibilitar o acesso livre às informações propicia que diferentes mentes se debrucem sobre as mesmas questões e, através da diversidade de experimentos e questionamentos podem ser obtidas novas evidências, capazes de refutar ou confirmar algo que consideramos como verdades científicas ou ainda um aprofundamento dessas informações e essa é a maneira que nos proporciona a evolução, o aprimoramento.

É paradoxal constatar que mesmo com a iniciativa de Ciência Aberta, sendo inclusive um indicativo de seriedade tanto das pesquisas realizadas quanto das Organizações que as publicam, nós estejamos vivenciando um momento em que informações sem qualquer embasamento científico ou metodologia científica aplicada venham ganhando cada vez mais espaço e credibilidade. Mas é animador perceber que os principais atores responsáveis pelo desenvolvimento intelectual da humanidade se dispõem a se tornarem mais acessíveis e a colaborar mutuamente de maneira com que caminhemos em direção ao aprimoramento tecnológico e científico.

A fim de avaliar a qualidade do material submetido para publicação, grande parte dos periódicos fazem uso do método de avaliação por pares anônimos, que consiste em um processo de análise crítica dos estudos realizados por especialistas a fim de identificar a qualidade dos estudos a serem publicados, prática amplamente adotada e que divide os autores quanto a efetividade de sua utilização.

Há os que propõe o modelo de avaliação por pares aberta, onde haveria a identificação de autores e pareceristas a fim de estimular interação entre esses dois grupos para que haja maior troca de informações e favorecer a transparência de todo o processo e que essa prática estaria em alinhamento com o movimento Open Science.

Não podemos negar que olhando a proposta de identificação dessas identidades antes da apreciação dos estudos pela ótica de toda a filosofia que envolve a Ciência Aberta, faz realmente sentido, uma vez que defende que o conhecimento deve estar disponível a aqueles que estiverem interessados a obtê-lo.

Em contrapartida deve ser pontuado que a omissão dessas identidades favorece a imparcialidade nos pareceres emitidos e proporciona que os estudos sejam avaliados de acordo com o conteúdo apresentado evitando que haja a publicação de pesquisas com pouca relevância ou ainda a rejeição de estudos de qualidade.

Como sociedade temos como fundamento o relacionamento e nossas relações pessoais interferem em todos os aspectos de nossas vidas. É um fato palpável que tendemos a refutar as ideias ou não ouvir as colocações daqueles que não nos proporcionam deleite em sua companhia, como poderíamos garantir que esse tipo de situação não interferiria na análise de um estudo? É importante ressaltar que aqui não estamos conjecturando a cerca de uma possível falta de ética de um avaliador, nos referimos a natureza humana em um de seus mais rudimentares aspectos.

É fato que o mundo científico não apresenta uma unanimidade a cerca desse assunto e tanto os que defendem quanto os que refutam essa ideia contam com apoiadores dispostos a expor seus argumentos e defender seus pontos de vista, mas enquanto não houver um posicionamento efetivo de bases de dados e periódicos de destaque seguiremos sem um consenso sobre a divulgação de identidades na avaliação por pares.

O que pode ser assegurado é que o movimento Open Science vem se tornando cada vez maior e a tendência é que não haja retrocesso, em consonância com a ciência que sempre nos permite avançar.

Eunice Côrtes
Editor Junior
Universidade Veiga de Almeida - Rio de Janeiro/Brasil

Caroliny Guimarães
Editor Chefe
Universidad Européa Del Atlántico - Cantabria/Espanha